segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CARTA AO POVO DE DEUS DA DIOCESE DE SOBRAL - DOM ODELIR JOSÉ MAGRI, mccj

“Bendito aquele que vem em nome do Senhor!”
Agradeço a Deus por ter escolhido aquele que conduzirá o “seu” povo nestas terras. Seja bem-vindo. Abraços.

Foram estas as primeiras palavras que recebi do Pe. Raimundo Nonato Timbó, administrador Diocesano, com o qual tive a alegria de falar pela primeira vez na quinta-feira dia 07 de outubro, após ter recebido um sinal verde de sua Excelência Mons. Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico do Brasil.

Logo em seguida enviei uma mensagem ao Pe. Nonato afim de verificar se eu havia anotado corretamente o seu endereço de e-mail. E ele responde-me com as abençoadas palavras acima referidas.

Confesso que tais palavras, “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”, suscitaram em mim uma grande emoção e senti a mão de Deus e a vossa fraterna acolhida nas palavras do Pe. Nonato.

E foi assim que respondi:
Obrigado Pe. Nonato.
Sinto-me emocionado e ao mesmo tempo desorientado por estar escrevendo à alguém que ainda não conheço pessoalmente. Mas sei que é apenas questão de tempo."Bendito aquele que acolhe em nome do Senhor”.

Na verdade, não vejo a hora de poder pisar o solo desta abençoada terra e encontrar-me com vocês, Povo de Deus da Diocese de Sobral, um presente do céu para mim.

Desejo iniciara minha saudação com um oração: Senhor, pela força de tua graça, faz que teu servo Dom Odelir José e cada um dos sacerdotes da nossa diocese sejamos pastores segundo o teu coração (Jr. 3, 15) pastores “santos e capazes”. Faz Senhor que se realize em nós e por meio de nós, família de Deus da Diocese de Sobral, o teu plano de amor a vida para o teu povo. Amém. Um obrigado de coração também ao Santo Padre, Papa Bento XVI, que confiou-me esta missão e responsabilidade. Santo Padre obrigado, porque estou certo de poder contar sempre com o seu apoio e comunhão na oração.

Por meio desta carta desejo manifestar o meu caloroso e fraterno abraço e a minha benção a cada um e cada uma dos filhos e filhas da diocese.

O meu primeiro abraço vai especialmente para cada um dos sacerdotes, aos seminaristas, a cada uma das lideranças de nossas comunidades, aos religiosos e religiosas; ao meu predecessor, Dom Antonio Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda-Recife e a cada uma das famílias das seis regiões pastorais: Sede, Araras, Vale do Coreaú, Santa Quitéria e Meruoca. A minha cordial saudação também aos responsáveis e fiéis das diferentes igrejas e comunidades evangélicas e outras presentes no território de nossa diocese. Enfim, sintam-se todos contemplados no meu abraço fraterno, na minha benção e oração.

A verdade é que não nos conhecemos e não tive a alegria e a sorte de pisar o solo desta abençoada terra, também chamada “Princesa do Norte”.

Por isso quando fui convidado na Santa Sé pelo Cardeal Oullet para receber a notícia que o Santo Padre me havia nomeado bispo de Sobral, a minha primeira reação foi de perguntar: Mas Excelência, porque eu? Porque um missionário Comboniano, um catarinense da diocese de Chapecó, com experiência missionária de alguns anos de África e com uma limitada experiência pastoral no Brasil? Sim, é verdade que trabalhei alguns anos na periferia de São Paulo e outros em Contagem, Minas Gerais. Desde 2003 estou na equipe de coordenação do nosso Instituto e nunca pisei sequer no solo daquela diocese.

Na medida que o cardeal me explicava as motivações e razões da minha escolha, dentro de mim as interrogações aumentavam: Senhor, porque não escolheste alguém que conhece a realidade do Ceará, o seu povo e suas lutas? Alguém que conhece a esta Igreja particular, sua caminhada e sua história? Porque não chamaste alguém que poderia iniciar o serviço de Pastor nesta diocese com maior facilidade e com maior eficiência.

Confesso e não escondo, estas são algumas das perguntas que ressoam dentro de mim. Neste momento não pretendo respostas, mas quero simplesmente partilhá-las com vocês para que juntos possamos acolher esta recíproca surpresa da minha escolha como um dom de Deus e um ato de fé.

E foi assim que as palavras de boas vindas do Pe. Nonato penetraram fundo no meu coração e foram um início de resposta às minhas perguntas: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. Portanto, aceitei o convite do Santo Padre tendo consciência de seu um ilustre desconhecedor da realidade da diocese que me foi confiada. Mas venho no meio de vós com uma certeza, não fui eu que escolhi Sobral, mas alguém que me enviou e venho em nome deste alguém. E neste sentido não posso não recordar as palavras de Jesus aos seus discípulos “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi e designei para irdes produzir frutos e para que o vosso fruto permaneça...” (Jô 15,16)

O fato de não conhecer a realidade da diocese me preocupa e sei que comporta muitos desafios para mim. Mas venho no meio de vós como um amigo, um irmão, um pai e como vosso pastor e guia. Venho como missionário Comboniano. Venho com ganas e vontade de conhecer, escutar, aprender, descobrir e de trabalhar com vocês na vinha do Senhor que é a nossa diocese. Venho com o desejo e a determinação de ajudar esta igreja particular a fortalecer sempre mais a sua vocação missionária, também no sentido “ad gentes”.

Interiormente me sinto sereno e confiante. Como comboniano tive a oportunidade de viver ricas experiências internacionais e pretendo fazer “tesouro” dos meus anos de missão na África, Republica Democrática do Congo, da minha experiência como conselheiro e vigário geral do nosso Instituto desde 2003.

Em 1992 fui enviado ao Congo como jovem sacerdote, sem conhecer a língua local, sem conhecer aquele povo e suas tradições e culturas, sem conhecer aquela Igreja Local, sem conhecer os meus colegas combonianos que lá trabalhavam, e depois de 18 anos de vida missionária, posso dizer que os anos de África foram os mais duros e difíceis, mas ao mesmo tempo os mais belos e marcantes da minha vida. Agradeço a Deus e São Daniel Comboni pelo dom da vocação missionária. E ouso acreditar que o mesmo acontecerá na diocese de Sobral. De minha parte não medirei esforços para que assim seja e estou certo de poder contar com a vossa recíproca confiança e colaboração. Caminho se faz caminhando e juntos caminharemos e abriremos novos caminhos.

Vivo neste momento a ansiedade de poder chegar em Sobral para um nosso primeiro encontro e conhecimento recíproco. Parece estranho, mas mesmo sem nunca ter estado antes com vocês, confesso que já estou sentindo saudades de Sobral. Até breve.

Fraternalmente,

Dom Odelir José Magri, mccj


Roma, 10 de outubro de 2010
Festa de São Daniel Comboniano

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