segunda-feira, 11 de outubro de 2010

CARTA AO POVO DE DEUS DA DIOCESE DE SOBRAL - DOM ODELIR JOSÉ MAGRI, mccj

“Bendito aquele que vem em nome do Senhor!”
Agradeço a Deus por ter escolhido aquele que conduzirá o “seu” povo nestas terras. Seja bem-vindo. Abraços.

Foram estas as primeiras palavras que recebi do Pe. Raimundo Nonato Timbó, administrador Diocesano, com o qual tive a alegria de falar pela primeira vez na quinta-feira dia 07 de outubro, após ter recebido um sinal verde de sua Excelência Mons. Lorenzo Baldisseri, Núncio Apostólico do Brasil.

Logo em seguida enviei uma mensagem ao Pe. Nonato afim de verificar se eu havia anotado corretamente o seu endereço de e-mail. E ele responde-me com as abençoadas palavras acima referidas.

Confesso que tais palavras, “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”, suscitaram em mim uma grande emoção e senti a mão de Deus e a vossa fraterna acolhida nas palavras do Pe. Nonato.

E foi assim que respondi:
Obrigado Pe. Nonato.
Sinto-me emocionado e ao mesmo tempo desorientado por estar escrevendo à alguém que ainda não conheço pessoalmente. Mas sei que é apenas questão de tempo."Bendito aquele que acolhe em nome do Senhor”.

Na verdade, não vejo a hora de poder pisar o solo desta abençoada terra e encontrar-me com vocês, Povo de Deus da Diocese de Sobral, um presente do céu para mim.

Desejo iniciara minha saudação com um oração: Senhor, pela força de tua graça, faz que teu servo Dom Odelir José e cada um dos sacerdotes da nossa diocese sejamos pastores segundo o teu coração (Jr. 3, 15) pastores “santos e capazes”. Faz Senhor que se realize em nós e por meio de nós, família de Deus da Diocese de Sobral, o teu plano de amor a vida para o teu povo. Amém. Um obrigado de coração também ao Santo Padre, Papa Bento XVI, que confiou-me esta missão e responsabilidade. Santo Padre obrigado, porque estou certo de poder contar sempre com o seu apoio e comunhão na oração.

Por meio desta carta desejo manifestar o meu caloroso e fraterno abraço e a minha benção a cada um e cada uma dos filhos e filhas da diocese.

O meu primeiro abraço vai especialmente para cada um dos sacerdotes, aos seminaristas, a cada uma das lideranças de nossas comunidades, aos religiosos e religiosas; ao meu predecessor, Dom Antonio Fernando Saburido, Arcebispo de Olinda-Recife e a cada uma das famílias das seis regiões pastorais: Sede, Araras, Vale do Coreaú, Santa Quitéria e Meruoca. A minha cordial saudação também aos responsáveis e fiéis das diferentes igrejas e comunidades evangélicas e outras presentes no território de nossa diocese. Enfim, sintam-se todos contemplados no meu abraço fraterno, na minha benção e oração.

A verdade é que não nos conhecemos e não tive a alegria e a sorte de pisar o solo desta abençoada terra, também chamada “Princesa do Norte”.

Por isso quando fui convidado na Santa Sé pelo Cardeal Oullet para receber a notícia que o Santo Padre me havia nomeado bispo de Sobral, a minha primeira reação foi de perguntar: Mas Excelência, porque eu? Porque um missionário Comboniano, um catarinense da diocese de Chapecó, com experiência missionária de alguns anos de África e com uma limitada experiência pastoral no Brasil? Sim, é verdade que trabalhei alguns anos na periferia de São Paulo e outros em Contagem, Minas Gerais. Desde 2003 estou na equipe de coordenação do nosso Instituto e nunca pisei sequer no solo daquela diocese.

Na medida que o cardeal me explicava as motivações e razões da minha escolha, dentro de mim as interrogações aumentavam: Senhor, porque não escolheste alguém que conhece a realidade do Ceará, o seu povo e suas lutas? Alguém que conhece a esta Igreja particular, sua caminhada e sua história? Porque não chamaste alguém que poderia iniciar o serviço de Pastor nesta diocese com maior facilidade e com maior eficiência.

Confesso e não escondo, estas são algumas das perguntas que ressoam dentro de mim. Neste momento não pretendo respostas, mas quero simplesmente partilhá-las com vocês para que juntos possamos acolher esta recíproca surpresa da minha escolha como um dom de Deus e um ato de fé.

E foi assim que as palavras de boas vindas do Pe. Nonato penetraram fundo no meu coração e foram um início de resposta às minhas perguntas: “Bendito aquele que vem em nome do Senhor”. Portanto, aceitei o convite do Santo Padre tendo consciência de seu um ilustre desconhecedor da realidade da diocese que me foi confiada. Mas venho no meio de vós com uma certeza, não fui eu que escolhi Sobral, mas alguém que me enviou e venho em nome deste alguém. E neste sentido não posso não recordar as palavras de Jesus aos seus discípulos “Não fostes vós que me escolhestes, mas eu que vos escolhi e designei para irdes produzir frutos e para que o vosso fruto permaneça...” (Jô 15,16)

O fato de não conhecer a realidade da diocese me preocupa e sei que comporta muitos desafios para mim. Mas venho no meio de vós como um amigo, um irmão, um pai e como vosso pastor e guia. Venho como missionário Comboniano. Venho com ganas e vontade de conhecer, escutar, aprender, descobrir e de trabalhar com vocês na vinha do Senhor que é a nossa diocese. Venho com o desejo e a determinação de ajudar esta igreja particular a fortalecer sempre mais a sua vocação missionária, também no sentido “ad gentes”.

Interiormente me sinto sereno e confiante. Como comboniano tive a oportunidade de viver ricas experiências internacionais e pretendo fazer “tesouro” dos meus anos de missão na África, Republica Democrática do Congo, da minha experiência como conselheiro e vigário geral do nosso Instituto desde 2003.

Em 1992 fui enviado ao Congo como jovem sacerdote, sem conhecer a língua local, sem conhecer aquele povo e suas tradições e culturas, sem conhecer aquela Igreja Local, sem conhecer os meus colegas combonianos que lá trabalhavam, e depois de 18 anos de vida missionária, posso dizer que os anos de África foram os mais duros e difíceis, mas ao mesmo tempo os mais belos e marcantes da minha vida. Agradeço a Deus e São Daniel Comboni pelo dom da vocação missionária. E ouso acreditar que o mesmo acontecerá na diocese de Sobral. De minha parte não medirei esforços para que assim seja e estou certo de poder contar com a vossa recíproca confiança e colaboração. Caminho se faz caminhando e juntos caminharemos e abriremos novos caminhos.

Vivo neste momento a ansiedade de poder chegar em Sobral para um nosso primeiro encontro e conhecimento recíproco. Parece estranho, mas mesmo sem nunca ter estado antes com vocês, confesso que já estou sentindo saudades de Sobral. Até breve.

Fraternalmente,

Dom Odelir José Magri, mccj


Roma, 10 de outubro de 2010
Festa de São Daniel Comboniano

DOM ODELIR JOSÉ MAGRI É INDICADO COMO NOVO BISPO DE SOBRAL

Na foto: padre Odelir, assistido pelo padre Jorge (à direita), celebrou uma missa no Santuário Santa Cruz, anexo à sede provincial dos Combonianos em São Paulo.


Na manhã do dia 10 de outubro de 2010, foi pronunciado pelo Administrador Diocesano de Sobral, Pe. Raimundo Nonato de Paiva, o novo bispo da Diocese de Sobral. Em carta enviada pelo Núncio Apostostolico, por Dom Lorenzo Baldisseri e lida pelo Padre Nonato na Cúria Diocesana em Cadeia por diversas rádios da Diocese aonde anunciou a todos o nome do novo Bispo Dom Odelir José Magri (Comboniano).

Pe. Odelir José Magri, mandou uma carta ao povo da diocese de Sobral lida pelo Pe. Valdery da Rocha onde saúda todos. O novo bispo de Sobral está em Roma onde reside atualmente. A data da posse ficará a cargo do colégio de consultores a pedido do novo Bispo

Padre Odelir José Magri é um comboniano nascido em Chapecó, Santa Catarina. Fez seus estudos teológicos em Paris, na França, e foi ordenado sacerdote em outubro de 1992. Foi logo enviado como missionário no Congo, África; regressando ao Brasil em 1997, ajudou a formar novos combonianos brasileiros. Em 2003 participou do Capítulo Geral da Congregação em Roma e foi escolhido para ser membro da direção geral. No Capítulo Geral de outubro de 2009, foi escolhido para ser o Vice Superior Geral da Congregação e agora aceitou o convite do santo Papa a ser Bispo e de cara assumir a diocese de Sobral

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

CHAMADA PARA O DNJ 2010

PROGRAMAÇÃO DO DIA NACIONAL DA JUVENTUDE


DIOCESE DE SOBRAL

SETOR JUVENTUDE

PASTORAL DA JUVENTUDE DO MEIO POPULAR

DIA NACIONAL DA JUVENTUDE 2010

CELEBRANDO A MEMÓRIA E TRANSFORMANDO A HISTÓRIA

“Muita reza, muita luta e muita festa, em marcha contra a violência”

 
PROGRAMAÇÃO

07:00 - Acolhida das Paróquias na Igreja Matriz e café da manhã;

08:00 - Caminhada até a escola Maria Carlita;

09:00 – Celebração da Santa Missa na Escola Maria Carlita na Cohab II;

11:00 – Gesto Concreto – Cirandas da Vida (Trabalho em grupo – O fazer para construir uma cultura de paz – compromissos );

12:30 – Almoço partilhado (cada Paróquia trará seu almoço);

13:30 – Momento de apresentação do “Trem da história do DNJ, mista e oração”;

14:00 – PASTORARTE (cada Paróquia fará uma apresentação de arte);

16:00 – Show com Swingueira de Cristo;

17:00 – Encerramento e envio das Paróquias;

terça-feira, 15 de junho de 2010

DIA NACIONAL DE COMBATE A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS

"...Vamos juntos/as gritar, girar o mundo. Chega de violência e extermínio de jovens!"

Nosso respeito e saudades eternas.

CIRANDA PELA VIDA - DIA DE COMBATE A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS

quarta-feira, 2 de junho de 2010

ENCONTRO PAROQUIAL DA PJMP - PACUJÁ

terça-feira, 1 de junho de 2010

PONDO OS CORRUPTOS PRA CORRER

segunda-feira, 31 de maio de 2010

CALENDÁRIO DE ATIVIDADES

11 de junho – Reunião da Coordenação Diocesana da PJMP
Local: Cáritas



12 e 13 de junho – Encontro da Comissão de Serviços da PJMP

Local: Ubajara



03 de julho – Encontro Diocesano de Formação para Missões Jovens

Local: Capela do Bom Pastor, bairro Parque Silvana II, Sobral



09, 10 e 11 de julho – Assembléia Paroquial da PJMP

Local: Pacujá



17 de julho – Encontro de Formação sobre a PJMP

Local: Riacho das Pedras, Santa Quitéria



18 a 24 de julho – Escola de Formação da PJMP

Local: Goiania – GO



27, 28 e 29 de agosto – Missões Jovens

Local: Paróquia de Moraújo

segunda-feira, 24 de maio de 2010

ANIVERSÁRIO DO GRUPO DE JOVENS JUPP

A Pastoral da Juventude do Meio Popular da Paróquia de Ubajara realizou no dia 23 de maio um encontro de formação sobre a CAMPANHA NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS. O encontro foi realizado em comemoração ao 13° aniversário do grupo JUPP – Jovens Unidos a Procura de Paz. O encontro teve início com a celebração da Santa Missa, realizada na Igreja Mariz, celebração por Pe. Olivio – Pároco da Paróquia de Ubajara. Durante a celebração foi dado destaque a realização do Congresso Regional da PJMP, que será realizado em julho de 2011, na Paróquia de Ubajara, com a participação de representantes da PJMP do Estado do Ceará. Wanderley – membro da coordenação paroquial da PJMP, enfatizou a importância da cidade de Ubajara sediar o Congresso Regional da PJMP e pediu a todos que fazem parte da Paróquia para rezar pelo congresso e pela PJMP. Após a celebração da Santa Missa, os jovens seguiram para a Escola Samia Regina Macedo Paixão, na comunidade Vila Nova, onde foi feito um momento de estudo sobre a CAMPANHA NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS, o estudo foi conduzido por Reinaldo – Coordenador Diocesano da PJMP e membro da Coordenação Regional da PJMP. Após o estudo houve um momento cultural com apresentações cultuais organizadas pelos grupos que estavam participando da atividade. O encontro foi encerrado com a posse da nova coordenação do grupo JUPP. Participaram do encontro cerca de 80 jovens, representando os grupos da Paróquia de Ubajara.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

ENCONTRO DE FORMAÇÃO PARA MISSÕES JOVENS


A Pastoral da Juventude do Meio Popular assumindo a prioridade de evangelizar a juventude, estará realizando no dia 03 de julho, um Encontro de Formação para Missões Jovens. O encontro será realizando na capela Bom Pastor, na comunidade do Parque Silvana II, na cidade de Sobral. O encontro de formação terá como objetivo preparar os jovens que participarão das Missões Jovens que serão realizadas na Paróquia de Moraújo, no mês de agosto em preparação para o Dia Nacional da Juventude que será sediado na Paróquia no dia 24 outubro. Para o encontro estão sendo convidados 3 jovens por Paróquia, que farão parte de uma Comissão Missionária de Jovens. O encontro terá início as 08:00 da manhã encerrando com um almoço. A Coordenação Diocesana da PJMP esperar que o evento seja o pontapé inicial para a construção de um Projeto de Missões Jovens a ser executada em comunhão com as Santas Missões Populares, que estão sendo realizadas em preparação para o centenário da nossa Diocese. Que a benção de Nosso Senhor Jesus Cristo nos guia em nossa caminhada e faça do nosso encontro um lugar onde ele possa nos ungir enquanto discípulos (as) missionários (as) a seviço da construção de um novo reino.

O Herói Dom Hélder Câmara: " Pai dos Pobres e Irmão de João Paulo II"

DOM HÉLDER CÂMARA - O SANTO REBELDE

PAI NOSSO DOS MÁRTIRES

POESIA ARDE O FOGO NO MEU CORAÇÃO

CAMPANHA CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS

DNJ 2009 - DIOCESE DE SOBRAL

13 Intereclesial - Ceará

CREDO DAS CEBs

FICHA LIMPA É APROVADO NO SENADO

CNBB e Natacha Pitts

Neste dia 19 de maio, os senadores aprovaram, por unanimidade, o projeto de lei da Ficha Limpa no plenário, encerrando a tramitação da proposta de iniciativa popular no Congresso Nacional. O próximo passo será a sanção presidencial. O texto aprovado é o mesmo encaminhado pela Câmara dos Deputados, sem emendas.

"É um dia histórico. Eu me sinto emocionado por presidir esta sessão", disse o deputado goiano, Marconi Perillo, depois de uma série de discursos a favor do projeto e após anunciar o resultado da votação nominal (em que o nomes são registrados com o teor dos votos).

O projeto de lei, entregue a deputado Michel Temer, em setembro do ano passado, pelo Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), passou por duas alterações, a primeira no grupo de trabalho coordenado pelo deputado Miguel Martini, com relatoria de Índio da Costa, e a segunda com a relatoria de José Eduardo Cardozo, na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados. Nos dois casos, o MCCE acredita que o projeto foi aperfeiçoado e permanece de encontro aos anseios da sociedade, expressos em 1,6 milhão de assinaturas coletadas em todo o país. Além destas, a instituição parceira da MCCE, Avaaz, coletou virtualmente mais de 2 milhões de adesões à iniciativa.

De acordo com a diretora do MCCE, Jovita José Rosa, a aprovação do PLP no Senado Federal representa a vitória da sociedade e das 44 entidades que lutaram pela tramitação da lei. “No início, a Ficha Limpa parecia uma utopia, mas logo todo o Brasil se envolveu com o tema e hoje só podemos comemorar, porque é uma vitória do povo”, afirmou.

Além da sanção presidencial, outro aspecto que deverá ser abordado é a validade da lei já nestas eleições. O MCCE entende que não é preciso o prazo de um ano antes do pleito, para que a legislação passe a vigorar. No entanto, outras interpretações entendem que a lei seria aplicada a partir de 2012. A decisão ficará a cargo do Tribunal Superior Eleitoral.

Ficha Limpa

As mobilizações em prol da Ficha Limpa tiveram início há cerca de dois anos. Desde esta época, o projeto de lei sofreu algumas modificações consensuais para que pudesse ser aprovado. Hoje, o projeto se apresenta da seguinte maneira: está indeferida, por oito anos, a candidatura de políticos condenados na justiça em decisão colegiada (tomada por juízes ou desembargadores), mesmo que o trâmite do processo ainda não esteja concluído no Poder Judiciário.

A inelegibilidade também será garantida a pessoas excluídas do exercício da profissão por classes representativas, como por exemplo a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) e o Conselho Federal de Medicina. Magistrados e membros do Ministério Público que tenham sofrido aposentadoria compulsória também ficarão inelegíveis.

Pessoas físicas e jurídicas que realizarem doações eleitorais ilegais, caso queiram seguir carreira política, também ficam inelegíveis por oito anos. Delegados de polícia ou funcionários públicos demitidos por crimes graves também sofrerão as mesmas penalidades, a não ser que a decisão seja anulada pelo Poder Judiciário.

* Pitts é jornalista da Adital

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ACAMPAMENTO DIOCESANO DA JUVENTUDE

 A Pastoral da Juventude do Meio Popular da Diocese de Sobral realizou nos dias 15 e 16 de maio, o I Acampamento Diocesano da Juventude. O acampamento foi realizado na comunidade da Meruoquinha – Massapê, com a participação de 72 jovens das Paróquias do Patrocínio, Ressurreição, Sé, Massapê e Ubajara que participaram como convidados. Na manhã do sábado os jovens participaram de um momento de envio, que foi feita na praça da Paróquia do Patrocínio, conduzido por Diniz – Assessor Espiritual da PJMP. Em seguida os jovens seguiram a caminho da comunidade da Meruoquinha. Na comunidade foi feito um momento de acolhida e hospedagem dos participantes, logo após foi realizada uma vivência onde os jovens foram convidados a refletir sobre a sua identidade e missão. Durante a vivência foi reforçado que o seguimento de Jesus de Nazaré deve ser feito tendo como base a renúncia e a doação. Por meio da vivência os jovens pudera se integrar e refletir sobre a sua caminhada enquanto jovens do meio popular, na oportunidade foi construída uma rede dos sonhos, onde os jovens foi convidados a representarem em uma bandeira quais eram seus sonhos, em grupos os jovens partilharam quais eram seus sonhos e como eles estavam ligados ao seguimento de Jesus de Nazaré, o momento foi finalizada com a construção da rede do sonhos. Após o almoço os jovens tiveram um momento livre, retornando a atividade foi feito um momento de discussão sobre a campanha nacional contra a violência e o extermínio de jovens, após a discussão os jovens fizeram uma bandeira com o símbolo da campanha. A noite foi realizada uma celebração da palavra com a participação da comunidade e logo após um Show com a Banda Sthatus. No domingo foi feita uma trilha ecológica em direção a uma queda d’água onde foi realizado um momento de lazer. O acampamento foi encerrado na parte da tarde num clima de alegria, amizade e respeito.

ANIVERSÁRIO DO GRUPO SEMENTES DA ESPERANÇA

O grupo de jovens Sementes da Esperança realizou no dia 02 de maio, na Paróquia de Moraújo um encontro em comemoração aos 07 anos do grupo. O encontro que reuniu cerca de 120 jovens da cidade de Moraújo teve início com uma caminhada contra a violência e o extermínio de jovens que foi realizada da entrada da cidade até a matriz, onde na oportunidade foi celebrada a Santa Missa com a participação dos jovens e da comunidade em geral da Paróquia. Após a celebração os jovens participaram de um momento de lazer a beira rio, com jogos e banho. A tarde foi realizado um estudo sobre a CAMPANHA NACIONAL CONTRA A VIOLÊNCIA E O EXTERMÍNIO DE JOVENS, na oportunidade os participantes do encontro foram sensibilizados a realizarem outros momentos para discutir a problemática da violência, como também se preparar para receber o DNJ 2010 com a participação de outros grupos da Diocese. O encontro foi encerrado com apresentações dos grupos, seguido de um louvor. Pe. Gesuíno, Pároco de Moraújo, ressaltou a importância do evento e reforçou que o mesmo foi o primeiro passo para intensificar a evangelização da juventude na Paróquia. Francisco, coordenador do grupo Sementes da Esperança, encerrou o evento agradecendo a todos que colaborara de forma direta e indireta para que o bom sucesso do encontro, afirmando que o grupo assumirá como meta acompanhar de forma mais sistemática as comunidades da Paróquia para que elas criem os seus grupos de jovens.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

FOTOS DA TRILHA E DA CACHOEIRA EM MERUOQUINHA - LOCAL DO ACAMPAMENTO DIOCESANO DA JUVENTUDE











Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas

Em 27 de Abril celebramos o Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas. Para a CUT, esta data é uma oportunidade para refletirmos sobre as condições de trabalho desta categoria, além de reafirmar o nosso compromisso com a luta pelos direitos de milhões de trabalhadoras.

Ser mulher trabalhadora em uma sociedade que discrimina o trabalho realizado pelas mulheres, ainda que na mesma função de homens, não é fácil. Imaginem quando esta mulher é trabalhadora doméstica. A situação piora consideravelmente. Trata-se de um trabalho extremamente desvalorizado social e economicamente, sem garantia de direitos trabalhistas definidos em lei para todas as demais categorias, caracterizado pela informalidade, desproteção social, longas jornadas de trabalho e remuneração abaixo da média nacional. Além da constante exposição à violência doméstica, assédio moral e sexual.

A desvalorização deste trabalho está fortemente marcada pelas relações sociais de classe, gênero e raça. Isto porque o trabalho doméstico, gratuito ou remunerado, é freqüentemente considerado como “não trabalho”, como uma “tarefa feminina natural” (mais de 95% são mulheres), e a grande proporção de mulheres negras (cerca de 61% no Brasil) deixa evidente sua indissocialização da escravidão.

Os dados revelam e comprovam esta dura realidade. Ainda que seja difícil estimar o número exato, devido à elevada informalidade, pode-se afirmar que aproximadamente 14 milhões de mulheres na América Latina são trabalhadoras domésticas remuneradas, o que representa 14% do total de ocupadas. O Brasil tem níveis acima da média da região, elas são aproximadamente 18% do total de mulheres ocupadas (6,6 milhões), ficando atrás somente do Paraguai (21%), mas bem a frente do Peru (7%) e da Venezuela (5%).

Outro indicador de desigualdade e desvalorização do trabalho doméstico é o rendimento. O rendimento mensal das trabalhadoras domésticas corresponde a menos da metade do que o auferido pelas outras categorias (apenas 40,2%). E a desigualdades de gênero e raça também se fazem presentes neste ponto. No trabalho doméstico as mulheres recebem em média 71% do que os homens, e a remuneração de uma empregada doméstica negra é ainda menor comparada às brancas.

Com relação à formalização deste trabalho, é possível observar que em uma década (1998-2008), o movimento de formalização do mercado de trabalho não se refletiu para as trabalhadoras domésticas. Se para os demais setores evoluiu de 56,7% para 61,9%, no trabalho doméstico teve um aumento insignificante, de 23,4% para 25,8%. Entre as negras, o nível ainda é de 25,2%, enquanto que dentre as brancas, 30,5%. Já no conjunto dos homens, 41% têm carteira de trabalho assinada.

Cada um destes pontos aqui levantado, por si só, requerem uma forte fiscalização e organização sindical para transformá-los, porém, este é mais um dos desafios encontrados por esta categoria. Devido a este trabalho ser realizado no interior de um domicílio, de maneira isolada em relação a outras trabalhadoras, as dificuldades de organização e de fiscalização do trabalho são imensas. E, além disto, as organizações existentes muitas vezes se deparam com limitações de atuação também por terem recursos escassos.

Diante deste quadro, coloca-se como desafio para o conjunto do movimento sindical elaborar propostas de organização e financiamento que inclua instrumentos para o fortalecimento das organizações de trabalhadoras domésticas.

Em junho deste ano acontecerá a 99ª Conferencia Internacional do Trabalho da OIT, que tratará desta questão. O trabalho decente como eixo prioritário para avanços nas relações de trabalho precisa incluir na sua dimensão (proteção, liberdade de organização e de negociação) o trabalho doméstico. A CUT, em conjunto com as trabalhadoras domésticas, irá desenvolver esforços para que a CIT resulte na construção de uma Convenção Internacional complementada por uma Recomendação que garanta às trabalhadoras domésticas tratamento isonômico aos demais trabalhadores/as.

No âmbito nacional, a luta por esta isonomia passa pela alteração do artigo 7º da Constituição Federal, para que haja equiparação dos direitos das domésticas com os demais trabalhadores brasileiros.

Portanto, neste Dia Nacional das Trabalhadoras Domésticas, além de cumprimentá-las pelo trabalho que exercem fundamental para toda sociedade, trazemos a importância da valorização e regulação deste trabalho e do respeito a estas trabalhadoras, que cotidianamente possibilitam com sua atividade que milhões de outras mulheres e homens estejam no mercado de trabalho.

A luta pela extensão de direitos do conjunto dos trabalhadores a essas trabalhadoras é nosso compromisso, que reafirmamos neste Dia Nacional da Trabalhadora Doméstica!

terça-feira, 27 de abril de 2010

sexta-feira, 23 de abril de 2010

XINGU E A VINGANÇA MAPUCHE

Roberto Malvezzi, Gogó *
Matéria publicada na Adital, 22/04/2010

Quando os Mapuche conseguiram por as mãos em Pedro Valdívia, o levaram para uma de suas aldeias. Primeiro cortaram suas orelhas e seu nariz, para que se recordasse de todos os narizes e orelhas que cortara dos Mapuche e despachara em cestos rio abaixo para exibir sua crueldade. Em seguida, num ritual solene, acenderam uma fogueira e o assaram brandamente, retirando e comendo pequenas lascas de carne assada do conquistador Espanhol.
Finalmente, derreteram um pote de ouro e despejaram garganta abaixo de Valdívia, para saciá-lo da sede de ouro que possuía, motivo fundamental de suas chacinas sobre os Mapuche.
Esse é, em outras palavras, o relato que nos faz a escritora chilena Isabel Allende, em seu livro "Inés de Minha Alma", onde relata a conquista do território chileno por Pedro Valdívia. Os Mapuche mataram Valdívia, com vingança cruel e requintada, mas perderam a guerra. Hoje há um punhado de Mapuche que resiste em território chileno. Uma Bíblia foi o pretexto para Cortés massacrar os Astecas. O ouro foi motivo para Pizarro dizimar os Incas; para Valdívia, arrasar os Mapuche. Em nome das terras, da fé e do ouro os portugueses dizimaram os índios brasileiros. Sobraram alguns, poucos, como na região do Xingu.
Quando eles pensavam que iriam ter paz, uma hidroelétrica, um presidente, uma candidata a presidente, as corporações nacionais e transnacionais, em nome do progresso, do desenvolvimento, da segurança energética -mas, poderia ser da Bíblia, do ouro, ou qualquer outro pretexto- vão dizimar o que lhes restou de espaço na sua turbulenta história.
São as leis da história e do progresso, não é mesmo? Afinal, como disse um jornalista da TV, "ou se devolve o Brasil aos índios, ou se pensa nos outros 195 milhões de brasileiros".
O capital tem seus deuses e sua voracidade. E eles pedem sacrifícios
contínuos dos povos, nesse caso os indígenas, em qualquer época da história. Quando se perde o sentido do humano, sempre há um argumento para justificar a crueldade, seja contra a natureza, seja contra a pessoa humana.

* Agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra

quinta-feira, 22 de abril de 2010

FAÇA SUA INCRIÇÃO PARA O ACAMPAMENTO DIOCESANO DA JUVENTUDE




Transposição do São Francisco. Uma obra desnecessária. Entrevista especial com João Suassuna

Envolvido em questões relativas ao Rio São Francisco há 15 anos, o pesquisador João Suassuna acaba de lançar o livro “A Transposição do Rio São Francisco na Perspectiva do Brasil Real”. A ideia da obra, segundo Suassuna, é esclarecer a existência do projeto para o centro-sul do país. Em entrevista à IHU On-Line, feita por telefone, o pesquisador fala a respeito da situação atual das obras do projeto. “O projeto da transposição do Rio São Francisco vai utilizar esses volumes para abastecer 12 milhões de pessoas no nordeste. Então, se já há um conflito, fisicamente será impossível a retirada desses volumes para o abastecimento do povo”, lamenta.

Preocupado com o agravamento do processo de desertificação da região nordeste,Suassuna constata que no núcleo de Cabrobró, já existe um deserto praticamente formado, isso pela retirada da vegetação da caatinga para o fabrico de carvão. Este será um impacto crucial, e inclusive já está acontecendo”. Sobre as possíveis obras de revitalização do rio, Suassuna garante que tudo não passa de falácia. “O governo Lula deveria apostar todas as suas fichas na revitalização, no replantio de árvores e na reconstrução de matas ciliares, que não existem mais”, diz. João Suassuna é engenheiro-agrônomo e pesquisador da Fundação Joaquim Nabuco, em Recife.

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O senhor está lançando este livro sobre a transposição do Rio São Francisco. Quais os aspectos positivos e negativos do projeto?
João Suassuna – O São Francisco é um rio com múltiplos usos, mas já houve prioridades dos usos ao longo do tempo. É um rio que tem um potencial gerador de energia elétrica importantíssimo. 95% da energia que é gerada no nordeste são do São Francisco. Ele também tem um potencial de irrigação muito importante. Nas margens do rio, temos cerca de um milhão de hectares para serem irrigados, dos quais 340 mil já estão irrigados, mas já há um uso muito conflituoso entre esses usos. Para termos uma ideia, em 2001, o Rio São Francisco correu com pouca água, e tivemos que racionar a energia no nordeste, onde a coisa foi mais grave, pois as autoridades adotaram os feriadões, já que não havia volume suficiente no rio para gerar energia elétrica. Existe um conflito enorme entre o uso da água do São Francisco para gerar energia e para irrigar. O projeto da transposição do Rio São Francisco vai utilizar esses volumes para abastecer 12 milhões de pessoas no nordeste. Então, se já há um conflito, fisicamente será impossível a retirada desses volumes para o abastecimento do povo. Estou envolvido com essas questões há 15 anos, isso gerou uma quantidade grande de artigos, tenho cerca de 80 artigos publicados e circulando na Internet. Sabemos que o centro-sul do país desconhece totalmente a existência do projeto, não sabe nem do que se trata. Afirmo isso, pois participei de uma caravana, em 2008, que visitou onze capitais brasileiras, discutindo esse projeto. Da Bahia para baixo, o que observamos é que ninguém estava sabendo absolutamente nada sobre esse projeto. Reuni os 80 artigos que escrevi sobre o tema e transformei-os em um livro. Temos a ideia de divulgar esse livro para o centro-sul do país, para começar a esclarecer ao pessoal do sul a existência desse projeto. Uma coisa interessante é que, quando chegar a hora de pagar essa conta, todos irão pagar, do Oiapoque ao Chuí, pois fazemos parte de uma federação.
IHU On-Line – Qual a situação atual das obras de transposição do rio São Francisco?
João Suassuna – Os eixos leste e norte do projeto, que vão retirar água do São Francisco, da represa de Itaparica e de Cabrobró, em Pernambuco, e levar essa água para o setentrional nordestino, na Paraíba, Rio Grande do Norte e Ceará, para abastecer as principais represas do nordeste, já estão com as construções bem adiantadas. Estes canais irão ter 25 metros de largura, 5 metros de profundidade e algo em torno de 700 km de extensão. No final de 2010, com o fim do governo Lula, ele promete que a água do eixo leste chegue à Paraíba. O eixo norte, cuja água será retirada de Cabrobró e vai para o Ceará, será concluído lá por 2012. Essa é a estimativa das autoridades.

IHU On-Line – Até esse momento, quais são os impactos sociais, econômicos e ambientais que a obra já causou?
João Suassuna – Os eixos estão saindo do nordeste, uma região semiárida, onde já foram identificados alguns núcleos de desertificação. No núcleo de Cabrobró, já existe um deserto praticamente formado, isso pela retirada da vegetação da caatinga para o fabrico de carvão. O que o exército brasileiro está fazendo com a construção dos canais naquele ponto é agravar o processo de desertificação que já está em curso. Este será um impacto crucial, e inclusive já está acontecendo. Futuramente, teremos impactos na geração de energia e na qualidade da água que irá chegar ao nordestino. A água do São Francisco hoje está muito ruim, em termos de qualidade biológica. Para termos uma ideia, a cidade de Januária, no norte de Minas, está à margem do Rio São Francisco, e sua população bebe água de poços tubulares, cavados pela prefeitura local, pois a qualidade da água do rio está imprópria para o consumo humano. É com essa água, com essa qualidade, que querem abastecer as principais represas do nordeste. Se fizerem isso, levarão um problema de saúde pública enorme. Teremos problemas de hepatite, esquistossomose, xistossomose, entre outras doenças veiculadas pela água.

IHU On-Line – As obras de revitalização do S. Francisco, conforme o prometido, estão em andamento?
João Suassuna – Isso é uma falácia. Inclusive, o programa de revitalização deveria ser a “menina dos olhos” do governo Lula, e não está sendo. O governo Lula deveria apostar todas as suas fichas na revitalização, no replantio de árvores e na reconstrução de matas ciliares, que não existem mais. O São Francisco é um rio de barranco, e um rio sem mata ciliar sofre com um desabarranqueamento natural, e esse material será carreado para a calha do rio, irá assorear tudo, irá impedir a navegação, como já está impedindo, e irá diminuir a vazão do rio. Deve haver um trabalho sério no tratamento dos esgotos, que estão sendo lançados in natura para dentro da calha do rio. O governo Lula deveria estar apostando todas suas fichas neste tipo de obra e não está. No Orçamento Geral da União, no ano passado, foram reservados um bilhão de reais para o projeto da transposição do Rio São Francisco. Para a revitalização, 100 milhões, dez vezes menos. Não consigo acreditar num programa desses.
IHU On-Line – E aí entram projetos de saneamento básico?
João Suassuna – Existem muitas cidades na orla do São Francisco onde já se começou alguma coisa neste sentido. É um trabalho que está sendo iniciado agora, mas já existe uma preocupação. Porém, a bacia do São Francisco são 640 mil km². Existem trabalhos pontuais e que precisam ser acelerados e implementados, pois ainda é feito muito pouco.

IHU On-Line – Existem alternativas à transposição?
João Suassuna – Existem sim. O próprio governo federal apresentou esse tipo de alternativa através de um trabalho da Agência Nacional de Águas (ANA), que editou em dezembro de 2006, o Atlas Nordeste de Abastecimento Urbano de Água. O governo e as autoridades mostram que é possível resolver os problemas de abastecimento de município com até cinco mil habitantes, com água de boa qualidade, que já existe na região nordeste. Temos 70 mil represas no nordeste, que acumulam um potencial de cerca de 37 bilhões de metros quadrados de água. É o maior valor represado em regiões semiáridas do mundo. Existem regiões sedimentares onde é possível perfurar poços e obter água de subsolo. Tudo isso está sendo previsto pela ANA, que colocou isso no Atlas Nordeste, para resolver os problemas de 34 milhões de pessoas no nordeste. Inclusive, é um programa bem mais abrangente do que o da transposição do Rio São Francisco, que visa o abastecimento de água para apenas 12 milhões de pessoas, e com a metade dos custos previstos pelo programa da transposição. Para a transposição, está previsto um custo de 6,6 bilhões de reais, na primeira fase. O Atlas Nordeste prevê a metade disso, 3,3 bilhões de reais, para ter um programa de abastecimento bem mais abrangente, abastecendo cinco vezes mais pessoas no nordeste.
Porém, também temos uma população que chamamos de difusa, falo algo em torno de 10 milhões de pessoas, que vivem nos pés de serra e nos pequenos vilarejos. Para esse tipo de população, a solução é através de um programa que está sendo desenvolvido pela Articulação no Semi-Árido Brasileiro, ASA Brasil, uma ONG que congrega 600 outras ONGs que trabalham a convivência com o semiárido. Essas ONGs estão propondo alternativas interessantes de abastecimento através de barragens subterrâneas e de cisternas rurais. Só de tecnologias na área hídrica, a ASA Brasil tem mais de quarenta. O trabalho da ASA Brasil resolveria os problemas dessas populações difusas do nordeste. Nossa visão é que, para a solução dos problemas de abastecimento do povo nordestino, teríamos que contar, necessariamente, com o trabalho da ANA e da ASA Brasil.
A transposição do São Francisco seria desnecessária para o nordeste. Não tem o menor sentido, tendo água na região, abdicar o uso dessa água na região e ir buscar água do São Francisco, há 500 km do local de consumo. Isso mostra que a água do São Francisco, ao cair nas principais represas do nordeste, será utilizada no agronegócio, na criação do camarão e no uso industrial. No Porto de Pecém, em Fortaleza, está sendo construída a Ceará Steel, uma siderúrgica que, sozinha, irá demandar volumes equivalentes a um município de 90 mil habitantes. Se a água do São Francisco cair nas principais represas do nordeste, não terá o uso de abastecimento do povo, que é o mais necessitado. Hoje, esse povo, que está sendo abastecido por frotas de caminhões pipa, vai continuar assim. É aí que reside a indústria da seca.

IHU On-Line – A resistência contra a obra cessou?
João Suassuna – Não acabou não, a resistência continua, e essa situação irá se agravar porque, neste ano, teremos eleições. É possível que os candidatos utilizem essa obra como a panacéia da solução de tudo, e não será. Nossa preocupação é essa, é que isso sirva como moeda de troca para voto. Isso, certamente, irá acontecer. Eles irão centrar as campanhas no nordeste para o abastecimento das pessoas, e utilizarão como pano de fundo o projeto da transposição. Mas sabemos que isso terá um engodo, porque o abastecimento das populações não irá se proceder com esse projeto, que vai se utilizar da água para o agronegócio.

IHU On-Line – Em sua opinião, quem vai se beneficiar com a transposição do São Francisco?João Suassuna – Os beneficiários da transposição do São Francisco serão as empreiteiras, os industriais, o grande capital. O povo está sendo iludido, não terá acesso a uma gota d’água sequer da transposição. Não está claro no projeto como essa água sairá das grandes represas para abastecer o povo. Está claro que a água irá caminhar nos 700 km de canais e abastecerão as principais represas do nordeste, para promover aquilo que as autoridades estão chamando de sinergia hídrica, que é a forma dessas represas não virem a secar. Mas essas represas foram dimensionadas para nunca secarem, porque elas têm volumes suficientes para aguentarem secas sucessivas, mesmo com o uso continuado de suas águas.

IHU On-Line – O senhor considera que essa obra aumentará no futuro a popularidade de Lula no Nordeste ou funcionará ao contrário, ficará como uma herança maldita do seu governo?
João Suassuna – Do jeito que está sendo construída, ela está sendo orientada ou divulgada para resolver o problema de abastecimento do povo. Futuramente, quando o povo começar a raciocinar no sentido de as águas do São Francisco estarem sendo utilizadas para o agronegócio, e não para o abastecimento, haverá uma espécie de revolta popular no nordeste.

I Festival das Juventudes em Fortaleza/Ce


A Prefeitura Municipal de Fortaleza realiza o I Festival das Juventudes em Fortaleza – América Latina e as lutas juvenis, entre os dias 03 e 06 de junho de 2010. O objetivo do evento é promover o intercâmbio de experiências das diferentes formas de organização da juventude brasileira e de outros países da América Latina, potencializando suas ações e articulações. Será um encontro onde ocorrerão diversas manifestações culturais, políticas e sociais da juventude. O evento espera receber cerca de três mil participantes.

Os temas principais abordados no encontro serão: políticas públicas de juventude na América Latina, lutas e organizações juvenis e a conjunta política na América Latina. A programação conta com a realização de palestras, oficinas autogestionadas, seminários, feiras de economia sociosolidária, encontros de movimentos e organizações, apresentações culturais e artísticas e shows de bandas locais e nacionais.

A idéia é que o Festival seja organizado de forma descentralizada e tenha como parte integrante de sua organização os comitês locais de mobilização. Estes comitês deverão envolver o máximo de movimentos e organizações de juventude locais; construir estratégias de captação de recursos para viabilizar transporte e alimentação; e participar da construção de Festival por meio de contato permanente com o Comitê de Organização de Fortaleza.

Relatório da CPT aponta 25 mortos e 71 torturados em conflitos no campo em 2009

Guilherme Balza Do UOL Notícias

Em São PauloOs conflitos ocorridos no meio rural resultaram em 25 assassinatos e em 71 pessoas torturadas em 2009, segundo dados divulgados nesta quinta-feira (15) pela Comissão Pastoral da Terra (CPT). No comparativo com 2008, o levantamento aponta o aumento da violência no campo --sobretudo contra trabalhadores rurais-- em vários indicadores.Embora tenha havido uma pequena redução no número de assassinatos --27 em 2008 para 25 no ano passado--, os conflitos no campo subiram de 1.170 para 1.184.Em alguns indicadores, o crescimento foi maior: as tentativas de assassinato passaram de 44 em 2008 para 62 no ano passado; ameaças de morte cresceram mais de 50%, saltando de 90 para 143. Porém, o número que mais aumentou foi o de registros de torturas: 6, em 2008, para 71 no ano passado.Desde o massacre de Eldorado dos Carajás (PA), quando 19 sem-terra foram mortos por policiais em uma ação de despejo em 17 de abril de 1996, foram mais de 440 mortes em conflitos no campo.As ações do Estado contra trabalhadores rurais e sem-terra também se intensificaram no comparativo de 2008 com 2009. O número de famílias expulsas de propriedades cresceu de 1.841 para 1.884 e os despejos saltaram de 9.077 para 12.388 --crescimento de 36,5%. De acordo com o relatório, as ameaças feitas por pistoleiros contra as famílias aumentou de 6.963 para 9.031.Apesar da violência, o número de ocupações de terra cresceu de 252 em 2008 para 290 em 2009.




Criminalização dos movimentos




Uma das principais adversárias do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a senadora Kátia Abreu (DEM-TO) protocolou na terça-feira (13) uma solicitação ao Ministério da Justiça para que Força Nacional de Segurança seja utilizada contra os sem-terra.Ontem (14), em entrevista ao UOL Notícias, a líder dos ruralistas no Congresso comparou as ocupações de terra a crimes como o tráfico de drogas e a pedofilia. A senadora disse ainda que o uso das tropas federais evitaria que fazendeiros fizessem “bobagem” ao tentarem se “proteger sozinhos”.“Quando um grupo de cidadãos fica desprotegido, ele se protege sozinho, e então acaba fazendo bobagem. Agora, quando alguém se mete na sua terra, mas o Estado está em ação, não é preciso fazer bobagem”, disse Abreu, que também é presidente da Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária (CNA).O pedido ao Ministério da Justiça foi protocolado dois dias após o MST iniciar o “Abril Vermelho”, mês em que o movimento organiza uma série de atos para exigir do poder público a realização da reforma agrária. A data também relembra o massacre de Eldorado dos Carajás (PA).Outra exigência do MST no “Abril Vermelho” é a atualização dos índices de produtividade da terra, que permanecem inalterados desde 1986, apesar de a produtividade no campo ter aumentado vertiginosamente no período.A medida foi prometida pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva aos sem-terra em agosto do ano passado, mas até agora não se concretizou. Os índices servem de parâmetro para identificar propriedades improdutivas e desapropriá-las para fins de reforma agrária. A atualização está entre as principais e mais antigas reivindicações dos trabalhadores rurais.A promessa de atualização dos índices foi uma resposta de Lula à jornada de lutas do MST de agosto de 2009, quando milhares de sem-terra e militantes, ao longo de dez dias, realizaram ações em 24 Estados, organizaram marchas, atos, ocuparam propriedades e prédios públicos (inclusive o do Ministério da Fazenda). O presidente, no entanto, recuou após ser pressionado pela bancada do PMDB no Congresso e pelo então ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, aliado dos ruralistas

segunda-feira, 19 de abril de 2010

VOTOS AOS 16: uma conquista do povo brasileiro


por Felipe da Silva Freitas[1]



Uma conquista da juventude brasileira o voto facultado aos jovens entre 16 e 17 anos é, ainda hoje, objeto de debates e polêmicas no conjunto da população. Apesar do aumento significativo do número de alistados dentro desta faixa etária[2] são muitos os que se manifestam contra essa conquista e afirmam: “Ah, já que não pode ser preso porque o menor de 18 pode votar?”, “Ora, se não pode ser responsabilizado por seus atos, porque o jovem pode escolher os governantes do país?”.
Tais expressões, fruto de uma visão ainda preconceituosa e estigmatizada da juventude, nega o jovem como sujeito social com possibilidade de intervenção crítica e responsabilidade social e nega a juventude como tempo de participação social e de emancipação pessoal e coletiva. Em outras palavras, as posições contrárias ao voto aos 16 anos desconhecem a possibilidade de jovens que percebem a importância da política, acreditam na democracia e apostam que é possível mudar o mundo.
[3]
Numa análise mais profunda, os dados revelam que é inconsistente a noção de que esta geração é mais apática do que as que lhe antecederam ou de que o neoliberalismo, com seu receituário individualista e desumanizador, tenha triunfado de forma definitiva sobre esta geração, sepultando todas as iniciativas de participação e transformação social a partir do olhar da juventude.
Ora, se é verdade que a lógica mercantilizada do modelo capitalista tem conseqüência direta nas relações de toda a sociedade conduzindo à máxima do “salve-se quem puder” é verdade também que existem dentro desta mesma sociedade grupos e pessoas que resistem e apostam em outras relações, baseadas na solidariedade e na busca do bem comum, de modo que, também os jovens, são influenciados por essas múltiplas visões da realidade coexistindo, portanto, entre as juventudes brasileiras tanto posições mais conservadoras e individualistas quando posturas mais progressistas e solidárias.
Segundo os pesquisadores Gustavo Venturi e Vilma Bokany
[4], a noção de apatia juvenil esbarra em problemas de três ordens, que denunciam a inconsistência desta noção e a complexidade da questão da participação juvenil no cenário brasileiro:
a) o primeiro problema refere-se aos pressupostos de que as gerações anteriores tenham sido majoritariamente progressistas. Em verdade, confunde-se uma “minoria mitificada” com a suposta posição de toda a geração e constrói-se a imagem de que toda a juventude dos anos 60 e 70 eram militantes revolucionários, o que em definitivo não corresponde à realidade,
b) uma segunda questão diz respeito as interpretações apresentadas para a participação política no Brasil. É importante frisar que não só entre os jovens há um baixo nível de associativismo e participação, mas, pelo contrário, em todo o conjunto da sociedade há uma crise de mobilização e engajamento político sendo que a juventude em certa medida também reproduz essa tendência e, por isso, é acusada de ser, sozinha, responsável por toda a crise de participação política do país.
c) Por fim, temos o problema das leituras parciais que desconsideram as novas formas de associação juvenil e se esquecem de que, se é verdade que os jovens quantitativamente se organizam menos nas modalidades tradicionais de associação política (partido, sindicato etc.), é verdade também que, por outro lado, eles vêm construindo modalidades novas de participação e luta por direitos (ONG’s, movimentos ambientalistas, movimento negro, etc.) sem, contudo, abandonar por completo aquelas que eram mais comuns nas gerações lhe antecederam.
Deste modo, destacamos aqui três aspectos, dentre vários outros possíveis, para a defesa e mobilização em torno do voto aos 16 anos defendendo-o enquanto estratégia importante para a elevação do nível de tematização social da juventude e para o fomento a inclusão das demandas juvenis no debate eleitoral.
Um primeiro aspecto diz respeito a ruptura com o paradigma na apatia juvenil e consiste em, por meio de uma participação ativa dos jovens dentre 16 e 17 anos no processo eleitoral, demonstrar que não é verdadeira a tese de que toda a juventude, ou melhor, todas as juventudes são desmobilizadas e apáticas politicamente.
Uma segunda dimensão refere-se ao incentivo à organização juvenil. Com a provocação à participação eleitoral dos jovens é possível incentivar a criação de grupos em interesse relacionados a essa questão como, por exemplo, a ação das redes, juventudes partidárias e entidades de apoio que se mobilizam pela defesa do voto adolescente como importante meio de interferência na discussão política do país.
Tais modalidades de mobilização social podem desempenhar um papel importante no que tange a associação política de jovens, sobretudo se tais campanhas relacionam-se com a promoção do voto crítico, do acompanhamento parlamentar, do engajamento social e do controle dos candidatos após o processo eleitoral monitorando e fiscalizando suas ações.
Por fim, o voto aos 16 anos pode significar ainda a inclusão do olhar dos jovens sobre as políticas que lhe dizem respeito e, portanto, a qualificação do debate sobre as políticas públicas de juventude dentro do processo eleitoral, suplantando o velho modelo da tematização dos jovens como objeto das políticas para a concepção do jovem como sujeito capaz de mediar, negociar, se contrapor e influir na constituição do debate sobre juventude a ser travado dentro da perspectiva eleitoral.
Assim, está colocado para os(as) ativistas pelo direitos da juventude um bom debate no que se refere ao voto aos 16 anos no sentido de que além de fomentar o alistamento eleitoral, com o objeto de assegurar a garantia desse direito juvenil, é importante ainda debater o voto dos jovens–adolescentes como possibilidade de mudança e de transição geracional, desencadeando processos de mobilização política, controle social e conscientização cidadã, certos(as) de que a eleição não será capaz de, sozinha, mudar os rumos do país e da sua juventude, mas, cientes de que, sem dúvida, ela representa um privilegiado momento para o debate por mais direitos e mais participação.
[1] Felipe da Silva Freitas, 22 anos, presidente do Conselho Estadual de Juventude do estado da Bahia e coordenador da Campanha nacional contra a violência e o extermínio de jovens.
[2] Segundo o TSE só entre 2006 e 2002 houve um aumento de 39% dos votantes com idade entre 16 e 17 anos.
[3] Segundo a Pesquisa Perfil da Juventude Brasileira realizada pelo Projeto Juventude / Instituto Cidadania, 54% afirmam que a política é muito importante, 53% afirmam que a democracia é sempre melhor do que qualquer outra forma de governo e 59% afirmam que a participação popular nas decisões do governo é a melhor forma para resolver os problemas do país.
[4] VENTURI, Gustavo; BOKARY, Vilma. Maiorias adaptadas, minorias progressistas. In: ABRAMO, H.; BRANCO, P. Retratos da juventude brasileira: análise de uma pesquisa nacional. São Paulo: Instituto Cidadania e Fundação Perseu Abramo, 2005.